quinta-feira, 20 de março de 2008

CULTURA - Um passeio pela música com Nelson Motta


“Poucas vezes falei para tanta gente assim”. Foi desta maneira que o jornalista, compositor, cantor, escritor e produtor musical Nelson Motta se dirigiu aos acadêmicos e convidados da Universidade Tuiuti do Paraná para falar sobre música na 23ª Edição do Diálogos Universitários de 2008, evento criado pela Souza Cruz e que terá mais 19 edições durante o ano. Nelson Motta faz um passeio pela história da música iniciando com a bossa nova (1950), passando pela Música Popular Brasileira (1960), Tropicália, fins dos anos de 1960, Rock (1980), sertaneja (1990) e, atualmente, o samba reggae de Carlinhos Brown. "A bossa nova começou com o João Gilberto com a música `Chega de saudade`, quando eu tinha apenas 14 anos. Era um estado de espírito", diz. O Brasil vivia um período de liberdade sem igual, passava por grandes transformações e o brasileiro acreditava muito no futuro. Era a música da juventude, diz Motta. Segundo ele, a bossa nova virou moda. Tudo era bossa nova. As pessoas a banalizaram e por causa disso acabou. “Carro bossa-nova, prédio bossa-nova e até na polí­tica a UDN se intitulava bossa nova. A partir daí­ a bossa nova estava liquidada. Acabou em 1962”, revela.Com o fim da bossa nova inicia-se no Brasil a Música Popular Brasileira e o estilo MPB, que era integrada ao movimento polí­tico brasileiro, tendo como precursores Chico Buarque, Edu Lobo e Toquinho. As canções falavam de favelas, eram bastante populistas, pois o paí­s fervilhava com protestos e passeatas por todo canto. “Os anos de 1966, 1967, 1968 foram esplendorosos para a MPB. Reforçou a auto-estima do povo brasileiro. Os festivais eram bastante politizados e fazer oposição ao regime ditatorial dava prestígio para os cantores”, confessa. Os verdadeiros festivais, aqueles de protesto, acabaram em 1968, depois que a canção “Sabiá” de Chico Buarque, perdeu para “Disparada”, cantada por Jair Rodrigues, disse Motta.No final da década de 1960 surge a Tropicália, com Gilberto Gil e Caetano Veloso. Em 1970 as músicas bregas e cafonas com Odair José e Nelson Ned e a partir de 1980, já no governo Sarney, surge, então, o rock brasileiro. Em 1990, o pior momento, segundo Motta, com as músicas sertanejas no governo Collor. Depois, o Axé com Daniela Mercury e, atualmente, o samba reggae de Carlinhos Brown, que Nelson Motta aprecia. O jornalista encerra sua palestra respondendo as perguntas dos presentes dizendo que música que é música tem que ser boa. É uma expressão de liberdade. Não tem que ser política.

(Letícia Padilha - Jorge Martins)

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