terça-feira, 15 de abril de 2008

COMPORTAMENTO - Esperança é a última que morre


No mundo hipócrita em que vivemos, onde predomina o egoísmo e a constante busca pelo interesse pessoal fica difícil ter esperança de dias melhores, mas jamais demonstrarei tal insegurança às pessoas inocentes que se espelham em mim, meus filhos.
Moro em uma cidade que já foi calma um dia, mas que hoje como tantas outras está cheia de violência, pobreza, descaso e dor. Recordo que na minha infância passávamos horas desfrutando da liberdade despreocupada de ser criança, corríamos na rua, fazíamos cabanas nos terrenos vazios, piqueniques, e íamos dormir pensando na aventura que viria no dia seguinte. Não sei se a responsabilidade me pegou de jeito, mas a verdade é que vivo cercada de grades e não tenho coragem de dar à mesma liberdade que tive aos meus filhos. Talvez até possa ser super proteção, mas atire a primeira pedra quem tem a ousadia de permitir tal luxo. Luxo sim, porque a realidade atual nos priva de incontáveis prazeres, que o antes era tão simples. Andar de bicicleta era meu passatempo favorito, tente agora no mínimo volta sem ela, quando muito não perde a vida. Somos eternos prisioneiros, com o direito limitado de ir e vir.
Fiz uma breve reflexão sobre a vida e percebi que vivemos envolvidos por uma bolha. O povo é governado por leis, que são criadas a partir da necessidade dos interessados. Na maior parte do tempo estas leis não são cumpridas, e as desculpas para atos ilícitos são infinitas.
Vivemos na escravidão capitalista que nos da à noção de falsa liberdade, quantos trabalhadores não recebem a remuneração justa, compatível com sua capacidade. O pior que outros contratam serviços baratos, dispensando muitas vezes a segurança do trabalhador experiente, e a criatura se sujeita a ser tratado como produto de baixo valor.
Desculpe-me se pareço as essas alturas preconceituosa, mas sejamos realistas quem acredita num ensino onde os professores são mal remunerados e crianças até quarta série do Ensino Fundamental não reprovam, haja amor à profissão.
Saúde é motivo de piada, agora não sei se choro por ter plano de saúde ou ergo as mãos aos céus por este privilégio. È fato e menciono isso porque há um tempo atrás fui picada por uma aranha marrom, sossega por poder contar com meu plano fui ao médico, que com toda convicção me disse que eu tinha uma alergia, receitou então dois remédios que me custariam noventa reais. Minha surpresa foi que ao chegar à farmácia o farmacêutico meu olhou e disse que não venderia o remédio, pois aquilo era uma picada de aranha, e me sugeriu uma visita ao Posto de Saúde, depois de seis horas de espera finalmente fui atendida, confirmando a picada de aranha.
Para mim a estadia em ambos os estabelecimentos foi uma lição de vida, afinal pude ver de perto a vergonha do nosso sistema de saúde, e hoje acompanho de perto os absurdos cometidos com os pacientes de toda e qualquer classe.
São tantas as questões que me atormentam, mas fico com a esperança de que as pessoas devem buscar o crescimento pessoal, respostas, contestando idéias pré - concebidas, ampliando sempre a capacidade mental, livrando-se de preconceitos e lutando para encontrar a melhor forma de ser feliz e construir um mundo mais digno.


Ana Maria Sampaio

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